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cantinho da casa

cantinho da casa

Noite de São João

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Sem sardinhas, porque já enjoei, fui convidada para comer o caldo verde em casa da Mafalda.

Conversa à mesa com o pai da minha amiga, histórias de família, de amigos, de empresas da cidade. Um reviver de memórias.

Comemos o caldo verde à meia-noite.

Os filhos da Mafalda não quiseram ir ao São João, os pais foram para casa e nós as duas viemos para a confusão do povo que se distribuia aqui e acolá, por toda a avenida da Liberdade e centro histórico

A música de rua de São João dá lugar, desde há uns anos aos muitos DJs, em espaços de rua, bar, café.

Uma mistura de pessoas, não há, nesta noite, ricos ou pobres.

Todos cantam, todos dançam, os martelinhos, agora com mais respeito, batem suavemente, os alhos porros passam-nos à frente mas antes pedem-nos "vá só um cheirinho".

A temperatura descera, os casacos de malha sabiam bem, quando saíamos da confusão.

Encontramos o nosso casal amigo, fomos dar um passeio. Passamos no bar da irmã da Mafalda.

Oferece-nos um pequena bebida que deveríamos beber de um só vez. " Shot", pensei, mas não disse nada.

Quando levei a bebida à boca, imagino as caras feias que fizemos.

Detesto bebidas fortes, mas sem saber o que era, a N desafiou-nos a beber o resto. E bebi de um só trago.

"Vodka", disse ela.

Aquilo queimava-me o estômago. Mas passou.

Decidimos dar mais um passeio pelo centro histórico, regressámos ao bar, bebemos uma coca-cola.

Juntavam-se pessoas conhecidas, outras não, as mulheres dançavam, bebiam ( muito bebem os jovens!). Decidimos regressar a casa  já passava das 3h30m.

Já perto de casa, lembrei-me de  tirar uma selfie com a multidão por trás. Em posição, telemóvel em pontaria, de repente, dois jovens colocam-se atrás de nós e ficam na selfie.

E em frente a nós, outro jovem, de telemóvel na mão, pediu-nos para tirarmos outra selfie com os seus amigos para ele captar o momento. Adorei a abordagem deste grupo que me pareceu muito divertido e sem sinais de embrieguez,  que não se incomodou sermos mais velhas e quiseram registar o momento.

A Mafalda queria ir sozinha para casa; "anda muita gente na rua", dizia ela.

Se ela insistia que ia sozinha, eu dizia que não, virei-lhe as costas e fui buscar o carro, estacionado na garagem.

"Às 4h da manhã,muita gente na rua? Ena, tanta gente! -  dizia eu apontando os passeios onde não havia movimento.

Deitei-me. Apenas com o lençol na cama das noites quente da última semana. Tive frio. Puxei a colcha. Adormeci.
De quando em vez, acordava com as vozes dos  forasteiros que, na rua ainda, gozavam o São João. 

 

 

 

 

 

ando mais atenta?

Será porque duas das minhas sobrinhas, a Chic'Ana, a minha professora de Pilates,  no ginásio e na rua, também, que ando mais atenta e vejo muitas mulheres grávidas?

Quem dera que a natalidade subisse na mesma proporção que a terceira idade aumenta, mas estamos muito longe de o conseguirmos, por falta de vontade política, como todos sabemos, e porque a propósito encontrei este artigo.

 

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as nossas rotinas

 

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Fui ao mercado fazer as compras, estacionei o carro no parque.

De repente, fez-se me luz que não tinha o porta-moedas onde guardara o cartão multibanco e os trocos, porque ontem, que não tinha carro, não tinha documentos, fora para o ginásio de autocarro, levara o mínimo possível numa pochete, .

Quando cheguei a casa, tirei tudo da pochete.

No parque remexo a carteira, para ter a certeza que o tinha comigo. Mas não, não tinha.

Fiz um feedback aos meus gestos habituais, e foi então que me lembrei que deixara o porta-moedas na cómoda, no meu quarto. Nunca deixo aqui nada, costumo guardar numa das carteiras ou na antiga mesa que tenho no hall, onde deixo sempre a chave do carro.

" E agora? Não tenho o cartão multibanco, não tenho porta- moedas, como vou fazer as compras e pagar o parque?!"

De repente, lembrei-me que, para usufruir de gasolina mais barata à terceira terça-feira do mês, ( acabei por não meter gasolina porque estava sem carro) e que uso para algumas compras extra, metera na carteira este cartão,  poderia levantar dinheiro.

E assim foi.

Se não tivesse este cartão, o carro ficaria no parque, enquanto eu vinha a pé, a casa, buscar o porta-moedas com o cartão multibanco e os trocos que davam para fazer as compras todas no mercado.

Um gesto fora da rotina, descontrola a mente.

não tenho estilo para ser senhora

Ontem, depois de passar na farmácia, descia a avenida, reparei na montra desta loja ,com umas peças engraçadas. Embora não tivessem muito a ver comigo por serem jovens demais, estava já com promoções, entrei  para ver se teria um vestido que gostasse.

Vi tudo, peça a peça. Até que encontrei um, XS, que gostei. Em algodão, simples, prático, giro... mas caro.

Já não me lembrava de vestir um vestido que me assentasse bem.

Comprei-o.

Depois de uns anos guardado, fui buscar um vestido que já não gostava de me ver com ele, sobretudo porque o comprimento dava pelo joelho. Sentia-me uma senhora e não tenho estilo para ser senhora.

Vesti, marquei o comprimento, alinhavei, cortei, fiz a bainha.

Hoje vesti-o.

Preciso, agora, de bronzear as pernas. Vou à praia mas o sol não quer nada com elas.

Em tempos, usava  auto bronzeador. Acho que vou seguir o conselho da MAC.

 

 

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estou sem carro

Emprestei-o à minha irmã, que trabalha a 35 km de Braga. O carro dela está na oficina desde ontem de manhã, não ficou pronto ontem nem hoje.

Então, tenho aulas marcadas, de manhã,  no ginásio.

Com este calor, ir a pé, nem pensar. Levar-me-ia  1 hora.

Como vivo no centro da cidade, tentei encontrar um autocarro que passe numas das paragens perto de casa, mas nenhum passa junto ao Continente, o destino mais perto do HP.  E ainda tenho de subir uma rua, que me leva 10 minutos. 

Tanto procurei  nos vários mapas de percursos da TUB que encontrei a paragem mais próxima na Avenida da Liberdade. São 15 minutos de percurso, chego antes da hora da aula.

Não estou habituada a andar de autocarro. Ando muito a pé, quando é necessário, mas sem o calor que faz. 

À tarde, por volta das 15h, tenho de voltar ao HP, mas para uma massagem. Se conseguir antecipá-la para as 14h, nem venho a casa almoçar. 

São estas pequenas rotinas que eu percebo o quanto o carro me faz falta.

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"os elogios são carinhos na alma"

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Corria o ano de 2009 quando numa troca de e-mails com uma ex-colega de trabalho comentava a sua objectividade em tudo o que fazia.

E a resposta foi esta:

"Obrigada, é bondade tua. Dizem k "os elogios são carinhos na alma" por isso é sempre bom ouvi-los, mas acredita amiga k a tua serenidade, bom senso e generosidade ganham-me aos pontos, logo... kem me dera ser como tu".

 

Na altura o meu coração bateu forte. Sobretudo quando percebi que as pessoas me tinham como uma pessoa de bom senso. 

Há cerca de dois meses, uma amiga ligou-me, queria pedir-me um conselho, era um assunto muito delicado, não sabia que atitude tomar, até que diz: " és uma pessoa de bom senso,  pensei em ti para me ajudar". 

Fiquei sem palavras. 

Hoje, na minha ida à farmácia, vejo uma ex-colega, reformada,  acompanhado do marido ( um dos poucos casais que conheço que me parece ser o seu  amor para toda a vida). Aiás,encontro-os muitas vezes na nossa padaria preferida.

Sempre boneca, uns dias mais que outros, tão baixa quanto eu, mas sempre elegante.

O marido, mais alto, é um senhor. Sempre o conheci de barba bem escanhoada.

Elogiei-a pela elegância de hoje, e quando ela me vai dizer qualquer coisa, o marido interrompe e... passo a citar o que me lembro de ter dito:

" Sabe, Lolita, a minha esposa fala muito de si. Por vezes, estamos os dois à mesa a conversar e quando se fala de colegas, ela elogia-a muito. Diz que  a Lolita é uma boa pessoa, é das colegas que a minha esposa mais gosta. Fala sempre em si".

Eu respondo, " mas tenho os meus defeitos e não são poucos".

Interrompe ela: " Claro que tens e todos temos. Mas é verdade o que ele diz. Falo muito em ti. És uma boa pessoa, não te lamentas de nada, passaste por momentos difíceis, lutaste muito pelos teus irmãos, estás sempre pronta a ajudar os teus sobrinhos,és uma rapariga sensata e boa."

" Pois, I.  As minhas lamentações eram desabafos, é verdade."

E continuou: " Nunca lamentavas a vida que levavas,sempre foste uma lutadora, quantas colegas " choravam" por tudo e por nada e tu sempre correcta, levaste a vida para a frente, estavas sempre pronta para ajudar. O meu marido sabe que gosto muito de ti. Tu está no TOP das minhas amigas. E ele diz isso porque é verdade." 

Quando nos despedimos, entrei na farmácia com o ego cheio de orgulho e pensando na T, com quem estive há dias, e nas palavras que dela recebi há 8 anos: "os elogios são carinhos na alma" .

Fiquei feliz em saber que me têm em boa consideração.