Burocracia, mais burocracia
EU...

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A todos os amigos que frequentam este blog, e que me dão carinho para continuar a postar os meus simples textos, gostaria de dizer que tenho lido os vossos comentários mas não tem sido possível responder a todos.
Final de período com reuniões e documentos para tratar, embora hoje de tarde ainda fugisse à rotina do pc e fosse comprar alguns "carinhos", será que estes se compram(?), de Natal.
Como não tenho quem tome conta da minha princesa, tenho levado comigo para as reuniões. Óbvio que ela fica na sala de professores, a brincar na net.
Não vos esqueço.
Fim de semana com SOL.
Amanhã tenho formação, mas Domingo de manhã eu vou, aqui.
Será que na Cimeira de Copenhaga ELES vão decidir???
Ontem fui com as minhas sobrinhas a casa da minha irmã mais nova para conversarmos sobre o Natal.
O ano passado foi aqui neste cantinho, como acontece de dois em dois anos.
Há algum tempo, num áparte sobre móveis e a vontade que tenho em mudar o que faz parte desta sala, uma das minhas sobrinhas comentou que nunca deveria desfazer-me desta mesa. No Natal acrescentamos mais duas "tábuas" para que elas dêem espaço à mesa, às bocas da família, agora menos numerosa.
O Natal sempre foi divertido aqui em casa. Os anos passam. Alguns dos membros da família estão em Paz. Os mais jovens, na idade de terem filhos, não geram rebentos.
Os sobrinhos mais novos têm 13, 11 e 6 anos (este o mais malandro da família). Destes vem a Sofia, a minha sobrinha e afilhada.
Dos mais velhos, que são 8, vêm 5 na Ceia e,se for possível, vêm mais 2 no dia de Natal.
Anos houve em que era uma algazarra de brincadeira e excitação com a entrega das prendas.
Num dos anos, o meu irmão mais velho vestiu-se de pai Natal. Os filhos eram ainda crianças. Estavam aqui, penso eu, os 8 sobrinhos mais velhos. Saiu de casa por momentos, já vestido de pai Natal. Por volta da meia-noite, toca a campainha. As crianças silenciaram. Os olhos irradiavam alegria , os rostos corados de tanta excitação e ansiedade.
Abrimos a porta ao pai Natal. Com umas barbas longas, grande barriga, providenciada para o momento, voz rouca, muito rouca, o meu irmão foi um autêntico personagem real no mundo da fantasia dos miúdos.
A entrega das prendas correu em alvoroço, sem nunca o pai Natal ter-se dado a conhecer.
Depois de entregue as prendas, saiu, e discretamente foi despir-se e voltou, sem que a criançada desse pela falta do pai/tio.
Desde então nunca mais houve um Natal como este.
Todos os Natais eram divertidos, mas como este não houve.
Uma das tradições aqui em casa é jogar o loto.
Depois da ceia, com o célebre bacalhau cozido, que nesta noite tem um sabor muito especial, com batatas, cebolas, e muita hortaliça, acompanhado de bom vinho tinto, vêm os doces.
Aqui, neste cantinho, fazem-se os doces de gerimú, que não podem faltar de modo algum, as rabanadas, a maioria não as come, os formigos, que eu detesto, o bolo de bolacha e o bolo-rei. Também há pão-de-ló húmido que, sinceramente, acho que devia ser comido na Páscoa, mas como a sociedade de consumo mudou os hábitos, e porque há quem não goste de bolo-rei, meteram-no como fazendo parte da doçaria de Natal.
No dia de Natal tem que haver o bavaroise de chocolate e uma boa salada de fruta, que eu não dispenso.
E para dar continuidade a esta noite que tradicionalmente era passada a jogar o loto a dinheiro, mas tendo a geração mais jovem acabado com este hábito, pois jantava-se tarde , entregava-se as prendas e depois entrava-se pela noite dentro a jogar Trivial e/ou Monopólio, há alguns anos que foi posto de parte.
Ontem, a minha irmã mais nova RECLAMOU , para a noite de Ceia, o imprescindível loto.
Recordámos o tempo, há mais de 28 anos. em que, depois do jantar, vinham a este cantinho dois irmãos, grandes amigos da família, juntarem-se para esta noite de loto.
Quando entravam, a minha mãe dizia em tom de brincadeira: "Lá vêm estes dois car*****, levarem o dinheiro todo ". Belos tempos que recordo com eterna saudade.
Quantas vezes, com coração apertado porque faltava um número para dizer "quinei", porque antigamente era designado de "quino", e um deles dizia :"já está! É meu!" E um "oh!" de desilusão, um levantar dos cartões após conferir o sortudo, a recolha do dinheirinho, o esfregar das mãos em tom de brincadeira, e mais uma rodada começava, para um novo estado de ansiedade.
Ontem lembrámos estes momentos.
E hoje, uma luz fez-se na minha mente." É o aniversário da esposa de um dos meus amigos",disse a mim mesma.
Cheguei a casa e liguei-lhe.
Além das novidades, falei-lhe nas lembranças destes momentos. Comentou ele: "sabes, ainda ontem estive aqui a lembrar as nossas idas de Natal a tua casa e do que a tua mãe dizia quando entravamos em tua casa." Rimo-nos com saudosa alegria, mas emocionados.
Mas este ano vai haver loto. A dinheiro.
Vamos viver o Natal . Não vamos estar todos, mas vamos faver (re)viver uma tradição que nunca devia ter sido arrumada.
Penso que vai ser um Natal sereno.
Cada coração presente vai lembrar, a seu jeito, aqueles que foram o seu pai, a sua mãe, o seu irmão, a sua irmã, os seus pais e os seus avós.