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cantinho da casa

cantinho da casa

Burocracia, mais burocracia

Há 20 anos que estou no ensino, há 17 que sou Directora de Turma.
Em tempos, manualmente eram elaboradas as pautas, as actas e todos os documentos inerentes à avaliação final de período. 
Agora,
 há computadores,
 há programas,
 há tudo.
 
Mas... os documentos aumentam.
 
Enviam-se resultados para o e-mail,
dão-se opiniões,
risca-se aqui ,
acrescenta-se ali,e
 quem faz esta trapalhada toda?
EU
...
e todos os DTs que querem fazer com que a reunião (de)corra da melhor forma possível e de molde a que não atrase e impeça o início da(s) outra(s).
Assim, "acabada" de almoçar,
vou tomar o meu café,
venho para casa,
adiantar todos os documentos, 
para que ,
amanhã,
não se perca muito tempo
a executar o que
todos os professores
deveriam fazer.
É que,
a reunião
em vez de demorar
as 2 horas previstas,
demorará, no mínimo, 3 horas.
 
 
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Comentários

 

 

 

A todos os amigos que frequentam este blog, e que me dão carinho para continuar a postar os meus simples textos, gostaria de dizer que tenho lido os vossos comentários mas não tem sido possível responder a todos.

Final de período com  reuniões e documentos para tratar, embora hoje de tarde ainda fugisse à rotina do pc e fosse comprar alguns "carinhos", será que estes se compram(?), de Natal.

Como não tenho quem tome conta da minha princesa, tenho levado comigo para as reuniões. Óbvio que ela fica na sala de professores, a brincar na net.

Não vos esqueço.

 

 

Sol, esplanada, praia...

 

 Esposende
Ontem, estive a trabalhar no pc até às 2:30h. Fui descansar preparada para acordar às 11:00h e conduzir os cerca de 35 km, pela auto-estrada, até Esposende.
Acordei muito cedo. Cansada, deixei-me estar à espera que o sono voltasse para ficar mais um pouco na cama, mas não. Esta cabecinha quando não quer dormir, o corpo reage, salta da cama e vai à vida.
Foi o que aconteceu hoje, logo de manhã.
Saí de casa por volta das 11:00h disposta a tomar café no “Pé no Rio”, onde posso usufruir de esplanada, sol, rio e, seja eu sincera, de uns motards que os olhos não se imiscuem de apreciar. E nada melhor que os óculos de sol para os observarem, com discrição.
Levei um livro que comprei para oferecer no Natal. Como me tem  despertado a curiosidade  de o ler, fazer-me rir e pensar nos comportamentos que eu e todos nós temos, obviamente, vai ficar comigo.
O sol deixava-me estar serenamente a deliciar-me, não só do seu calor, mas também da leitura do livro, até ser interrompida pelo toque do telemóvel.
Cerca das 12:30h saí da minha leitura para ir  em direcção à praia.
Como eu gosto de passear pela praia, com este sol radioso e quente! Não estava frio de mais. Até senti algum calor, pois agasalhei-me para  o momento.
E lá fui eu dar a caminhada. Maré alta, mas nada de fúria. Muitas algas estendidas na praia, misturadas com lixo, que o mar trouxera para terra.
Garrafas de plástico, de vidro, chinelos de adulto, bidões de gasolina, tudo aquilo que nós nos encarregamos de deitar ao mar, e que este  teima em o trazer de volta para nos mostrar que não o quer.Em dias de raiva, trá-lo.
Louvo -o pela sua raiva. Louvo-o pela sua imensidão. Louvo-o porque nos faz pensar que, se nos dá serenidade, energia e sensações únicas que só nós sabemos apreciar, também é capaz de sentir o quanto sofre e se revolta com  o descuido dos nossos prazeres.
Regressei pelo interior. As vivendas, algumas muito antigas, cercam as ruas estreitas que dão acesso à praia. Fiquei satisfeita com o arranjo destas. Há pouco tempo havia muita areia, e os transeuntes tinham de fazer o seu trajecto bem junto aos muros que cercam as casas, pois os carros estacionados, em tempo de praia, eram muitos. Então, fizeram passeios o que evita o estacionamento indevido.
Voltei à praia para regressar ao carro. Mas lembrei-me de ir ao meu bar favorito, junto à estrada e a caminho da praia,  e comer a minha tosta de fiambre e o panaché. Já estava na hora de matar a fome.
A temperatura estava convidativa. Sentei-me na esplanada. A dona aproximou-se, reconheceu-me e cumprimentou-me com muita familiaridade: « Bem-vinda! Há quanto tempo, minha jóia! Bendito sol que traz as pessoas a este bar!»
Sorri e agradeci a amabilidade da senhora. Há quantos anos eu lá vou ! Estas pessoas não esquecem os clientes, não! Sempre que chegava um cliente, ela tratava-os com muito carinho e dizia, «Ai que o sol de Inverno convida as pessoas a saírem dos seus ninhos! Nada melhor que o sol para alegrar a vida”.
E assim fiquei mais um pedaço a ver as fotos que tirara e a desfrutar de um calorzinho muito agradável.
Mas como o trabalho de professor exige horas em casa e não pode ser descurado, estava na hora de regressar a Braga.
Bem disposta, com energia para uma semana de trabalho, com mais dois dias de sol, porque Quarta-feira a chuva regressa, está na hora de voltar às grelhas de avaliação dos meus pupilos, que amanhã vão querer fazer a auto-avaliação a que têm direito.
Amanhã, vou postar algumas das fotos que tirei. As que mostram a beleza da praia e do mar,  e o lado revoltoso deste: o LIXO.

Magia/Nostalgia

 

Hoje,a tarde nas ruas da cidade de Braga estava muito animada.
Cedo o Sol foi suavemente coberto pelas nuvens, embora se notasse, para Oeste, um céu alaranjado de sol posto.
Encontrei-me com o meu irmão mais novo e seus filhotes.
Muitas pessoas passeavam com ar feliz de quem finalmente podia gozar uma tarde sem chuva, fazer as compras de Natal no comércio tradicional, para mim mais simpático, cheio de vida e luz natural.
Gente bonita, que nem sempre se vê, casais de todas as idades, crianças que aproveitavam a conversa dos pais para brincar, lojas cheias.
Entrei numa lanchonete para tomar o café. Dizia uma senhora para a funcionária: “Vem ver que linda que está esta rua cheia de gente!”
A outra respondia: “ Esta rua enche-se quando não chove. Mas as pessoas não compram. Não têm dinheiro. Só passam, mas não entram. Sinais da crise!”
Saí. Encontrei a minha irmã com a filha, a Sofia, a minha princesa.
 De repente, ouve-se um “vruuuuuuuuuuummmmmmmmmm” que se aproxima. Os faróis de uma mota fazia as pessoas afastarem-se. Ela, a moto, passa, conduzida por um casal vestido  de pai natal.
Mais um “vruuuuummmmmmm” agora mais intenso e ruidoso. Uma moto da GNR abre o desfile cerca de 50??  motos, cujos condutores vestiam modelos de estilistas Papai Noel, Santa Claus, Pai Natal, com barbas, sem barbas, com máscaras, óculos de sol, enfim, um desfile que surpreendeu os transeuntes.
Nem o aroma das castanhas assadas, que nesta época entram pelas narinas menos sensíveis, conseguiu absorver o cheiro do gasóleo que invadiu a rua. E eu que pegara na minha máquina fotográfica, para “clicar” o ambiente de rua, mas pensando que não iria ter reportagem, decidi deixá-la aqui, neste cantinho.
No regresso a casa, junto ao célebre Theatro Circo escuto a música bem popular das tunas. Aproximo-me. Estava um grupo numeroso de estudantes a tocar para as pessoas que passavam, talvez porque esperasse que as portas do Theatro abrissem. Alguns, mais abaixo, junto aos célebres canteiros em ziguezague, a maior aberração que fizeram nesta avenida de Braga, afinavam as cordas dos seus violinos. É que hoje era o último dia da  “XVI Celta-Certame Lusitano de Tunas Académicas” no Theatro Circo.
A minha saída não implicou fazer compras, mas dar uma volta bem merecida depois de uma semana de muito trabalho.
Regressei a casa. Uma onda de nostalgia invadiu o meu coração e a minha mente.
O Natal está a chegar. Sente-se no ar a magia das luzes, do frio, das pessoas. Isso encanta-me. Mas também me leva para outros pensamentos…
 
 
 

 

Natal no cantinho

 

 

 

 

 

 

Ontem fui com as minhas sobrinhas a casa da minha irmã mais nova para conversarmos sobre o Natal.

O ano passado foi aqui neste cantinho, como acontece de dois em dois anos.

Há algum tempo, num áparte sobre móveis e a vontade que tenho em mudar o que faz parte desta sala, uma das minhas sobrinhas comentou que nunca deveria desfazer-me desta mesa. No Natal acrescentamos mais duas "tábuas" para que elas dêem  espaço à mesa, às  bocas da família, agora menos numerosa.

O Natal sempre foi divertido aqui em casa. Os anos passam. Alguns dos membros da família estão em Paz. Os mais jovens, na idade de terem filhos, não geram rebentos.  

Os sobrinhos mais novos têm 13, 11 e 6 anos (este o mais malandro da família). Destes vem a Sofia, a minha sobrinha e afilhada.
Dos mais velhos, que são 8, vêm 5 na Ceia e,se for possível, vêm mais 2 no dia de Natal.

Anos houve em que era uma algazarra de brincadeira e excitação com a entrega das prendas.

Num dos anos, o meu irmão mais velho vestiu-se de pai Natal. Os filhos eram ainda crianças. Estavam aqui, penso eu, os 8 sobrinhos mais velhos. Saiu de casa por momentos, já vestido de pai Natal. Por volta da meia-noite, toca a campainha. As crianças silenciaram. Os olhos irradiavam alegria , os rostos corados de tanta excitação e ansiedade.

Abrimos a porta ao pai Natal. Com umas barbas longas, grande barriga, providenciada  para o momento, voz rouca, muito rouca, o meu irmão foi um autêntico personagem real no mundo da fantasia dos miúdos.

A entrega das prendas correu em alvoroço, sem nunca o pai Natal ter-se dado a conhecer.

Depois de entregue as prendas, saiu, e discretamente foi despir-se e voltou, sem que a criançada desse pela falta do pai/tio.

Desde então nunca mais houve um Natal como este.
Todos os Natais eram divertidos, mas como este não houve.

Uma das tradições aqui em casa é jogar o loto.

Depois da ceia, com o célebre bacalhau cozido, que nesta noite tem um sabor muito especial, com batatas, cebolas, e muita hortaliça, acompanhado de bom vinho tinto, vêm os doces.

Aqui, neste cantinho, fazem-se os doces de gerimú, que não podem faltar de modo algum, as rabanadas, a maioria não as come, os formigos, que eu detesto, o bolo de bolacha e o bolo-rei. Também há pão-de-ló húmido que, sinceramente, acho que devia ser comido na Páscoa, mas como a sociedade de consumo mudou os hábitos, e porque há quem não goste de bolo-rei, meteram-no como fazendo parte da doçaria de Natal.

No dia de Natal tem que haver o bavaroise de chocolate e uma boa salada de fruta, que eu não dispenso.

E para dar continuidade a esta noite que tradicionalmente era passada a jogar o loto a dinheiro, mas tendo a geração mais jovem acabado com este hábito, pois jantava-se tarde , entregava-se as prendas e depois entrava-se pela noite dentro a jogar Trivial e/ou Monopólio, há alguns anos que  foi posto de parte.

Ontem, a minha irmã mais nova RECLAMOU , para a noite de Ceia,  o imprescindível loto.

Recordámos o tempo, há mais de 28 anos.  em que, depois do jantar, vinham a este cantinho dois irmãos, grandes amigos da família, juntarem-se para esta noite de loto.

Quando entravam, a minha mãe dizia em tom de brincadeira:  "Lá vêm estes dois car*****, levarem o dinheiro todo ". Belos tempos que recordo com eterna saudade.

Quantas vezes, com coração apertado porque faltava um número para dizer "quinei", porque antigamente era designado de   "quino",  e um deles dizia :"já está! É meu!" E um "oh!" de desilusão, um levantar dos cartões após conferir o sortudo, a recolha do dinheirinho, o esfregar das mãos em tom de brincadeira, e mais uma rodada começava, para um novo estado de ansiedade.

Ontem lembrámos estes momentos.

E hoje, uma luz fez-se na minha mente." É o aniversário da esposa de um dos meus amigos",disse a mim mesma.

Cheguei a casa e liguei-lhe.

Além das novidades, falei-lhe nas lembranças destes momentos. Comentou ele: "sabes, ainda ontem estive aqui a lembrar as nossas idas de Natal a tua casa e do que a tua mãe dizia quando entravamos em tua casa."  Rimo-nos com saudosa alegria, mas emocionados.

Mas este ano vai haver loto. A dinheiro.

Vamos viver o Natal . Não vamos estar todos, mas vamos faver (re)viver uma tradição que  nunca devia ter sido arrumada.

Penso que vai ser um Natal sereno.

Cada coração presente vai lembrar, a seu jeito, aqueles que foram o seu pai, a sua mãe, o seu irmão, a sua irmã, os seus pais e os seus avós.