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cantinho da casa

cantinho da casa

19 anos

 "Vi-te nascer".

Quando chegaste ao quarto e a enfermeira te pôs no colo da mãe, a primeira coisa que ela fez foi olhar o teu rosto e as tuas mãozinhas pequenas e fofinhas , se eras perfeita ( ó mãe, tu estavas tão abatida do parto).

Nunca quiseste o biberão, nem a chupeta, querias o leite da tua mãe. 

Ia a pé buscar-te ao infantário, quase todos os dias. Nos dias bonitos de primavera e verão, levava o teu carrinho, vinhamos pela rua fora, parávamos para ver o cão que tu gostavas mas temias, e eu também, por ser grande e ter um latir forte.

Depois, passávamos na padaria e comprava os bolos de  arroz miniaturas, que comias com prazer.

E nas férias, quando os teus pais ainda trabalhavam, ficavas aqui em casa, fazia-te a sopa, contava-te a história dos três porquinhos, dando-lhes sempre os nomes que tu querias.

Quando o prato era do teu agrado fazias um som com a boca, enquanto mastigavas,para mim uma canção que não sabias a letra : "hum,hum,hum, hum, hum"  e que me deixava fascinada.

Foste para a escola. Raramente tinhas dúvidas, sempre fizeste os trabalhos sozinha.

Por vezes, perguntavas-me: " o que quer dizer ... ?".

Eu explicava-te mas nem chegava a metade da frase e dizias: " já percebi, não preciso de mais nada."

Nunca exigiste nada. Por vezes, querias um chocolate, um doce, algo que eu achava que não devia dar-te.

Eu respondia que não podia ser porque não tinha dinheiro, ou porque não podias comer muitos doces ( e ainda és gulosinha), e tu aceitavas, como ainda hoje aceitas e dizes: "tudo bem tia L, não te preocupes".

O tempo passou depressa. Cresceste.

Quando no ano passado terminaste o 12º ano e disseste que querias um ano sabático e não te candidatarias, fiquei sem palavras.  A tua mãe dissera que sim, que te dava o ano para fazeres o que entendesses.

Eu fiquei triste. Mas compreendi. 

Foi um ano intenso: trabalhaste, tomaste conta dos teus primos, foste FAT  duas vezes, adoptaste o Mickey, não dormiste horas para cuidar deles de noite, foste ao Rio de Janeiro. E continuas a dar o teu máximo a fazer voluntariado no gatil. 

Um ano que eu temi, mas passou rápido!

Muito havia para dizer aqui, mas tu não gostas que fale de ti no blog.

Hoje, e com muito orgulho que tenho de ti, minha sobrinha e afilhada, não podia deixar de te homenagear com tão pouco quanto este pequeno texto.

Não me leves a mal. Já sabes que não digo mais que a medida certa.

Quero que procures ser uma jovem adulta e responsável, que és, sem dúvida, que tenhas sucesso no curso que escolheres, que continues a confiar na tua família que está sempre contigo para te apoiar.

Feliz Aniversário, Sofia.

 

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