Comentário
O amigo Carapaucarapau fez o comentário , que transcrevo, ao post "
«Começando pelos sapatos.
Obrigado pela dedicatória, bela ideia, diz-me os que escolhes para eu depois ficar com os outros. :-)
Quanto ao caroço do post:
Só quero que me expliquem uma coisa.
Como os pais de hoje podem incutir e exigir certas normas de conduta aos filhos, se eles, pais, foram e continuam a ser uns baldas, iguaizinhos (nalguns casos para pior) aos filhos. Sem normas, SEM CARACTER, sem nada que sirva de exemplo para seguir.
Há excepções. Há sempre. Mas só servem para confirmar a regra e para fazer ressaltar as diferenças.
Quanto aos professores,sabes disso muito melhor que eu, uns "ajudam" os alunos a serem assim, outros tentam remar contra a corrente, mas em geral são vencidos pelo cansaço.
Então não haverá solução?
Certamente que sim, mas será o tempo que vai "tratar disso".
Fico por aqui.
Prefiro falar de sapatos...
Bjo.»
Pois bem, a propósito de uma comunicação à DT sobre o comportamento irrequieto e da falta de atenção de uma das turmas que tenho,os alunos disseram que iam moderar o seu comportamento. Contudo, um aluno pediu-me a palavra. Cito, mais ou menos as suas palavras:
"Setôra, a setôra pode ter razão em tudo o que diz, mas acho que a setôra deveria ser menos exigente e brincar um pouco mais connosco. Devia mudar a sua atitude nas aulas. Dar as aulas de outra forma para que os alunos não se distraíssem e aprendessem melhor. Esta disciplina é uma seca. Se a setôra não dá um toque de brincadeira,perdemos a vontade de aprender"
De imediato, retroquei: " Muito bem, L, mas eu tento variar as estratégias, tento ser ouvida, e vós passais o tempo de aula com comentários e piadas que nada têm a ver com a aula. Se passo um PowerPoint, fazem comentários de gozo ás imagens; se passa alguém no recreio abstraí-vos da aula; se tento brincar um pouco, não conheceis os limites e abusais não permitindo que a aula volte ao ponto anterior; se marco trabalho para casa, não o fazeis; se dou uma ficha, não a entregais. Levais tudo na brincadeira. Ides mudar de ciclo e a exigência vai ser ainda maior. "
"Eu sei, setôra, mas por exemplo, o setôr de .... conta umas coisas engraçadas pelo meio, faz-nos rir e as aulas correm bem. Seja mais alegre, menos exigente, e vai ver que nós vamos mudar o nosso comportamento. E em relação à ficha que deviamos ter feito em casa, dê-nos até segunda-feira. Prometemos que entregamos" (esta deveria ter sido entregue hoje).
Pensei seriamente no que o L me dissera. Sim, vou mudar! Vou rir (o que faço muitas vezes), vou brincar com eles. Vou ver o que vai acontecer...
Vou para a aula seguinte, com outra turma. O comportamento desta não é diferente da anterior. No final da aula, uma das melhores alunas veio ter comigo e, com a funcionária perto de mim,que entretanto entrara na sala, disse: "Setôra, a setôra tem de ser menos flexível e mais exigente. Não pode permitir que os alunos tal, tal,e tal perturbem a aula. Ponha-os fora da porta. Adoro a setôra, é muito boa professora mas é muito permissiva."
E perante estas duas situações, declaro:
Mudando as estratégias, sendo exigente, sendo flexível, sorrindo, brincando, é muito difícil lidar com as crianças de hoje.
E eu sinto-me cansada.